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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

A casa esvaziada

Foto: Arquivo Pessoal O lar estava desfeito, restava um apartamento, transformado num imóvel de aluguel, que passou a ser ocupado por estranhos, viajantes de passagem, inquilinos temporários e assim seguiria. Uma vez dentro, é possível sentir a vida que havia pulsado ali, a felicidade genuína, o convívio amoroso e o triste desfecho inesperado.  As paredes, portas, persianas, vidraças e todo o mobiliário eram como familiares, conversavam, traduzindo sentimentos, escondendo segredos. O conjunto de sofás da sala e a enorme cama do quarto haviam sido escolhidos com esmero pelo casal que se fora. Um pela morte, outro pela dor. Duas personalidades e culturas tão diferentes, ao mesmo tempo tão semelhantes tinham expressas suas predileções naquele ambiente e desfrutavam daquele encontro afoitos como que a recuperar tempos perdidos. Na sacada estavam coladas as lembranças dos almoços de domingo no verão— pimientos fritos, merluza com batatas ao forno, depois uma camomila ou café e sobremesa. A