Foto: Arquivo Pessoal Elena passou a ter um sonho recorrente meses depois da morte do marido. Sonhava que encontrava Raul na alameda às margens do porto pesqueiro. Porém só ela o via, não se falavam e ele tinha uma aparência muito jovem. Tinham se conhecido na meia idade, tiveram menos de dez anos de convivência e ela só sabia sobre sua juventude de escutá-lo contar. Ainda assim o reconheceu desde o primeiro sonho com a aparência de um rapaz de 20 e poucos anos e sempre era uma aflição a impossibilidade de falar e ser vista por ele. Foram várias semanas sonhando noite sim, noite não com aquele cenário. Ela sempre estava postada junto aos pilares do pergolado forrado de glicínias, quando ele apontava na esquina da casa de sua infância, a casa de pedra mais bonita da rua. Ele ia em direção ao embarcadouro, entrava num dos barcos de pesca que estavam atracados e saía a navegar junto com outros marinheiros. Elena até tentava ir em direção a ele, barrar-lhe o caminho para forçar um enco
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