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Mostrando postagens de setembro, 2023

Sobre a mulher pintada de azul

  Mini-conto de um mini-sonho Ali não era mais meu lugar. Estava uma mulher que se apresentou com o rosto e pescoço pintados de azul. Era um rosto enorme, as bochechas proeminentes eram de um tom mais azul que o resto do rosto. Não tinha a graciosidade de uma smurfete, tampouco a delicadeza e a leveza das humanoides de Avatar. Tinha o rosto além de azul, rude e duro. Olhos verdes, hostis. Estava visivelmente aborrecida com minha presença. Tinha os punhos fechados, prontos para desferir-me algum golpe e expulsar-me dali. Não tive medo. Tive um desengano, porque ali estava toda a minha vida de posse da mulher azul. Por que eu fui parar ali, realmente não sei. Talvez por seguir rastros do passado e reconhecer outros rostos e objetos na casa, muito familiares, meus familiares, mas a mulher azul havia aprisionado a todos. A inveja é azul.

Sobre o livro dos dias das redes sociais

Sobre o livro dos dias das redes sociais Quer gerar menos ódio e mais empatia? Nada melhor que a tristeza e as aflições. Esteja em permanente estado de desolação. Fomente o desânimo. Entristeça. Deprima. Escreva sobre a dor. Revolva seus padecimentos. Não saia do fundo do poço. Crie uma página em rede social ao revés, só para a infelicidade, vão te seguir sem ódio. Se assim não fores capaz, assume a neutralidade, evite as emoções. A felicidade, o sucesso e o valor alheios provocam a inveja e a hipocrisia. O mundo digital tem suas maravilhas, mas é um espelho do mundo real e revela também o lado mais cruel do ser humano. Na tristeza, a inveja te esquece, os hipócritas desaparecem e ficam só os que lhes resta alguma compreensão. Também ficam os que sentem vitoriosos assistindo o drama alheio, como uma forma de mitigar seus próprios dramas. E se algum dia a felicidade esteve do seu lado e foi embora, pode ser que um dia ela retorne. Mas nunca mais anuncie sua volta.