Faz quatro dias que me despedi de J. depois de passar algumas horas com ele no hospital. Por sugestão da enfermeira, saímos por alguns minutos a fazer um passeio pelo largo corredor, naquela hora, começo de noite, praticamente vazio. No meio do caminho ele quis descer da cadeira de rodas e andar um pouco, porém cansou logo, retomamos com a cadeira e demos mais outras pequenas voltas. Naquele diminuto trajeto, não nos dissemos nada. Apenas eu lhe pedia que fôssemos mais devagar, enquanto caminhávamos e nos segurávamos um ao outro. Ele sempre andava mais rápido que eu. Depois de uns minutos, ele sinalizou que queria voltar e retornamos ao quarto daquela Unidade de Cuidados Paliativos. Perto da vinte horas, era a hora da despedida. Sem chorar, me abracei a ele, disse que o amava e não conseguia deixar de segurá-lo tentando reter aquela proximidade. No fundo, eu sabia que não seria um "até breve". Ele, me segurando os braços, forçou-me lentamente a deixá-lo, sinalizando que já er
Contos, crônicas, viagens, sentimentos, escrita criativa para inventar e curar a vida.