Uma tradução livre de nomelotomescomoalgopersonal.blogspot.com
“Meu marido me bate na medida do normal”, confessava aquela mulher e, com razão, as pessoas levavam as mãos à cabeça ao escutá-la.
O que parecem não se dar conta é que esse, precisamente esse é o argumento base com que convivemos. O normal como explicação a tudo e o anormal como causa de todos nossos problemas.
Quando eu vivia em Londres a anormal era eu, por não jantar às 6 da tarde, por não passar o dia dizendo “sorry” e “thank you”, por ser mal educada aos olhos da Europa.
Na Alemanha, Holanda e Bélgica eu era a anormal por não saber dizer nenhuma frase em seu idioma.
Na Polônia, ainda que alguns me confundiam com um deles, eu era anormal.
Na França, Portugal e Itália também a anormal era eu, apesar de ser mediterrânea.
No Vaticano e Mônaco, por razões evidentes, a anormal era eu.
No Ocidente, a anormal era eu por mudar para a África e para o Oriente Próximo.
No Marrocos, a anormal também era eu, por ser atéia confessa e vestir minhas roupas habituais.
No Irã, como não podia deixar de ser, eu era anormal por minha cor de cabelo, por falar alto ou por não tentar pechinchar sempre que a ocasião merecia.
Nos Emirados Árabes, a anormal era eu por não ganhar milhões de euros mensais e não gostar de centros comerciais.
Em Omã, a anormal era eu por minha profissão e minha cor de pele.
Na verdade até na cidade de Gipuzkoa( País Basco, Espanha) onde tenho vivido no último ano, a anormal sou eu por não me comunicar em idioma euskera.
Na Universidade, a anormal era eu, porque havia somente homens.
E de repente, até em meu país a anormal sou eu por não gostar de festas, não beber álcool e gostar de viajar a países anormais.
Mas, ainda que lhes custe crer, o problema não são os anormais.
Alguns de nós, anormais, sabemos aproveitar nossa condição e conseguimos até não ver tanta anormalidade.
O problema tem aqueles que desde a sua cômoda normalidade não parecem dar-se conta que fora de suas casas, são mais anormais que ninguém!
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