Pular para o conteúdo principal

Cuidado com os trogloditas








Os trogloditas foram seres humanos pré-históricos que viviam em cavernas ou grutas desde o alvorecer da vida na Terra e que durante milhares de anos, segundo os estudos, foram aumentando o tamanho de seu cérebro e evoluindo para o que denominamos hoje Homo sapiens (gênero Homo, espécie sapiens) segundo a classificação biológica dos seres vivos.
Em um sentido figurado podemos designar troglodita como um adjetivo de dois gêneros que ​denota​ pessoas rudes, grosseiras, hostis, violentas e que agem com agressividade.
Me refiro aqui aos trogloditas modernos como seres cuja falta de educação, leitura e ​a incultura​ como seu ponto mais forte, os tornou esses tipos rudes, toscos e grosseiros que estão vociferando em caixa alta pelas redes sociais, entre nossos colegas de trabalho, amigos, dentro da nossa família, em grupos de whatsApp e o mais grave, fazem parte da classe política, do sistema judiciário e do jornalismo brasileiros.
Dentro da política incluo alguns espécimes chamados pastores da igreja evangélica que, ao entrar para a política, desconhecem o artigo 5 º, inciso VI da Constituição Federal que define a laicidade do Estado determinando que todas as religiões são aceitas, mas que a religião não pode interferir nos assuntos do Estado. Esses andam, pois com suas bíblias debaixo do braço a atacar pessoas e/ou arrancar seus parcos recursos pregando que estão do lado da Verdade, o que na verdade, isso é somente a opinião deles e de suas doutrinas e dogmas.
Trogloditas modernos são seres que se dizem religiosos, mas que abominam outros seres humanos pelo fato de serem mulheres, homossexuais, transexuais, negros, pessoas sem teto​, ​desempregados, subempregados​ ou estrangeiros. São seres que fazem apologias ao machismo, à violência de gênero, que apoiam o fascismo, a tortura, o armamento da população, a educação não democrática e ditatorial. Entre seus mais loucos delírios pedem intervenção militar no Estado sem nunca terem lido a Constituição Federal ou estudado História do Brasil e do Mundo.
São seres que, embora muitos tenham completado curso superior, negam o conhecimento e os avanços científicos, desconhecem a história da humanidade e agarram-se a um submundo de ignorância, brutalidades, idiotia, truculências e arrogâncias vivendo de atitudes estúpidas e muitas vezes cruéis. 
​Seres que se dizem cidadãos de bem, mas que assassinam ou abusam de suas companheiras, que apoiam o extermínio de jovens negros e pobres das periferias, que dão como solução aos problemas do tráfico de drogas o massacre em série das periferias,  que culpabilizam a pobreza por sua condição, criticam programas de distribuição de renda e referem-se às comunidades indígenas como animais (que se pesam em arrobas, antiga medida de peso de gado).
Eles são seres que se dizem anticorrupção, mas que não percebem a sua corrupção de cada dia, quando infringem ou criticam as leis e as normas de boa convivência e civilidade; quando se deixam manipular por meios televisivos e jornalísticos claramente afinados com oligarquias, com os bancos e com o poder do dinheiro, apoiando justamente os mais corruptos reproduzindo assim mais corrupção e injustiça.
Enfim, trogloditas modernos nasceram e/ou cresceram na consolidação da democracia, dos processos constituintes e dos direitos individuais, mas incrivelmente apoiam um sem fim de inconstitucionalidades e atrasos civilizatórios. E esse fenômeno não dá para nominar de outra forma mais delicada. Definitivamente é uma burrice monumental.
Dedico essas linhas a todas as pessoas que conseguem visualizar esses espécimes  a sua volta, aos que talvez se reconheçam e possam refletir e a todos os democratas, progressistas, anti-conservadores, socialistas, religiosos, estudiosos, humanistas genuínos e não só de fachada.
Os trogloditas antigos evoluíram com o conhecimento, mas trogloditas modernos insistem em negar esse conhecimento, repelem a noção da evolução do homem como ser social e solidário  e preferem continuar vivendo na escuridão de suas cavernas ou nas trevas da Idade Média.
Platão e os sábios iluministas devem andar nauseados de tanto revirar-se em suas tumbas.
Lembrem-se disso em outubro próximo. O Brasil agradece.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Morro do Caracol

Foto: Rua Cabral, Barão de Ubá ao fundo e o Mato da Vitória à esquerda Arquivo Pessoal O povoamento de uma pequeníssima área do bairro Bela Vista em Porto Alegre, mais especificamente nas ruas Barão de Ubá que vai desde a rua Passo da Pátria até a Carlos Trein Filho e a rua Cabral, que começa na Ramiro Barcelos e termina na Barão de Ubá, está historicamente relacionado com a vinda de algumas famílias oriundas do município de Formigueiro, região central do Estado do Rio Grande do Sul.  O início dessa migração, provavelmente, ocorreu no final da década de 40, início dos anos 50, quando o bairro ainda não havia sido desmembrado de Petrópolis e aquele pequeno território era chamado popularmente Morro do Caracol. Talvez tenha sido alcunhado por esses mesmos migrantes ao depararem-se com aquele tipo de terreno. Quem vai saber! O conceito em Wikipedia de que o bairro Bela Vista é uma zona nobre da cidade, expressão usada para lugares onde vivem pessoas de alto poder aquisitivo, pode ser ...

O Caderno, escritos do amanhecer

Queria escrever no teu caderno. Naquele que resgatei, antes de ser largado no lixo. Fiz isso talvez, digo talvez, por uma súbita intuição de desfecho. Queria ler e juntar teus pensamentos com os meus, misturando as letras e os manuscritos. Queria poder juntar nossas inspirações, talvez criar um romance, um conto, uma narrativa breve que seja, mesmo que tenhamos estilos diferentes e tua criatividade vá muito além da linguagem e do meu amadorismo. Queria misturar nossos traços, rascunhos,  já quase ilegíveis, formados numa infância onde se fazia caligrafia— isso já faz tanto tempo!—até produzir um texto ao menos coerente e coeso como mandam as leis da escrita. Ou não, pois ainda busco a licença poética dos artistas, que têm liberdade com as palavras, ao contrário das palavras ditas que podem ser a nossa desgraça. Eu precisava do caderno, não para descobrir teus segredos, mas para ter o privilégio de escrever de meu punho, junto ao teu, naquelas folhas amarradas em espiral com uma cap...

2025

  Foto: Pinterest Essa noite eu tive um sonho. 2025 tinha desistido de sua estreia e era 2008 de novo. Não entendi o porquê de voltar 17 anos atrás. Terá sido 2008 um ano cabalístico, com um significado oculto? Ou só um número aleatório? Foi bom ver algumas pessoas conhecidas bem mais jovens, saudáveis, outras vivas e alegres. Eu não me vi, pois protagonizava aquele delírio noturno, mas sentia que os 17 anos tinham passado em meu espírito, alojados à força, a despeito da rebeldia do 2025. A humanidade se curva ao tempo, mas no meu sonho pela primeira vez o tempo se curvou à humanidade. Posso até imaginar, o clichê Bebê 2025 espiando o Senhor 2024 antes da meia-noite e vacilando se nascia ou não. Bem, anos não nascem como bebês, são imateriais, mas este talvez tivesse certa racionalidade humana(?), certo sentido de prudência, sensatez e clarividência. É isso, clarividência. A despeito dos melhores augúrios para 2025, ele próprio não estava convencido. Os anos anteriores, principalme...