Não era a primeira vez que eu visitava uma cidade milenar, com muitas igrejas, velhos monumentos, fachadas artísticas, arquitetura impressionante, calçadas de pedras, muros e paredes desfeitos, portões enferrujados, fechaduras enormes, escadarias gastas pelo tempo, cheiro de livros, umidade e poeira antiga. Não era a primeira vez, mas Veneza com tudo isso e muito mais deixa qualquer visitante deslumbrado. É um lugar insólito, único, incomum e é certo quando dizem que não há lugar que se compare no mundo.
Segundo a história, a cidade foi formada por refugiados de cidades romanas do continente e que fugiam das invasões germânicas à península itálica por volta do século II, ano 160 ou antes, porque essa data é controvertida.
Veneza é formada por um arquipélago de pequenas ilhas e dunas de areia a noroeste do mar Adriático formando a Laguna de Veneza na região de Vêneto na Itália.
A ilha principal é formada por uma infinidade de canais e pontes, cujo único meio de transporte é feito por barcos ou a pé. A cidade tem seis bairros, os chamados sestieri que são Cannaregio, Castello, Dorsoduro, San Marco, San Polo e Santa Cruce.
Várias empresas realizam o transporte público pelos canais entre as ilhas do arquipélago e para o continente. Vaporetos, táxis-barco, barcos e lanchas particulares circulam pelos canais e pelas ilhas com preços os mais variados. Dizem que é o transporte público mais caro do mundo. O preço mais popular é de 7,50 euros que dá direito a 75 minutos de passeio pelos canais. Passes de dia inteiro podem ser comprados por 20 euros. As tradicionais gôndolas têm capacidade para no máximo 4 ou 6 pessoas e fazem passeios somente pelos canais com um preço exorbitante de 100 euros. São pequenos barcos pintados de preto com alegorias douradas, assentos forrados de veludo vermelho, o barqueiro veste sua tradicional camiseta listrada, exatamente como nos filmes.
No século XX foi construída uma única ponte que liga o continente à Ilha de Veneza por onde passam os trens e ônibus até a Estação Santa Lucia. Carros não são permitidos e se alguém precisa vir do continente deve deixar num estacionamento ao lado da estação de trem, mas que presumo deve custar outra fortuna. Tudo é feito de barco desde a entrega de mercadorias, recolhimento de lixo, policiamento e o serviço de saúde das ambulâncias-barco. Tem uma linha de Vaporetto que faz trajetos regulares até Marco Polo, o Aeroporto da cidade localizado no continente.
O Cemitério é toda a pequena ilha de San Michele que vista desde Veneza é um complexo amuralhado com há muita vegetação que deve formar um grande jardim. Murano, Burano e Torcello são tres ilhotas também importantes do arquipélago onde se pode apreciar as tradicionais fábricas de objetos de vidro, um tesouro da região e sua arquitetura peculiar.
Veneza vive do turismo e as estatísticas dão conta que é um dos destinos mais procurados no mundo por sua localização, pela arte e arquitetura recebendo uma média de 50 mil visitantes ao dia. Em contrapartida, há cada vez menos habitantes nativos na cidade que estão deixando a ilha em busca de tranquilidade no continente, fugindo do turismo de massa ou aproveitando seus imóveis para fazer negócio. Por esse motivo pode sair bem mais em conta encontrar alojamento no continente, em Veneza Mestre ou nas cidades próximas da região como Pádua, Verona, Vicenza ou Treviso todas ligadas por ótima malha ferroviária e lugares também dignos de passeio.
A Piazza San Marcos é a maior e mais emblemática praça da cidade onde se localiza a Catedral, o Palácio Ducal e o Campanário. É um mar de gente do mundo inteiro fotografando, andando em grupos, famílias, casais, artistas, pintores ou fotógrafos solitários. Alguém já escreveu que lá só se ouve o barulho dos pombos e das vozes humanas, mas eu também escutei música celestial vinda da catedral durante o dia e uma orquestra tocando músicas populares durante a noite.
Antes de viajar à Veneza, certifique-se que esteja em forma para longas caminhadas, estude as rotas para seu alojamento, leve curativos tipo band-aid ou peça por cerotti nas farmácias. Vista calçado e roupa cômoda, principalmente no verão que faz muito calor. Baixe os mapas da cidade para que funcionem off-line, pois o GPS é imprescindível para andar pelos labirintos, ruas estreitas e algumas sem saída.
Se puder evitar, evite visitas nos meses de junho a agosto, pois em abril já fazia calor de 25 graus e havia mosquitos, tanto que nas janelas de algumas casas observei que haviam telas protetoras.
A comida é o verdadeiro paraíso para quem curte pizza de todos os sabores, spaghetti à carbonara, lasanha à bolonhesa, calzones, pasta al pesto, paninis e penne 4 formaggio. Pizza aos pedaços, relativamente baratas são vendidas a cada esquina para sair comendo sem perder tempo, mas cuidado que ao sentar numa praça e pedir um simples café pode custar 5 euros. O sorvete também é uma especialidade italiana e existe uma infinidade de gelaterias com os mais variados e estranhos sabores.
Se um dia quiserem escolher para um evento em prol da paz mundial ou um lugar que represente a unidade entre os povos eu escolheria Veneza, pois ali convivem— ainda que de passagem— diariamente e harmonicamente todos os países, línguas, povos e religiões do mundo.
"A cidade mudou pouquíssimo nos últimos séculos e hoje não se pode mudar nada em sua aparência. É um museu a céu aberto, cuja única ameaça parece ser o avanço das águas."
Gostei demais desse texto em que falas sobre Veneza. Fazes uma belíssima descrição daquela ilha, apontando seus principais pontos turísticos, suas particularidades, com muitos detalhes e precisão. Ao mesmo tempo, em que se refere ao fator histórico, localizando os acontecimentos
ResponderExcluir, a cultura que a envolve, sua história - seu passado e seu presente. Com uma linguagem muito própria, dinâmica e moderna, fazes o leitor sentir-se em Veneza, viajando por aquele mundo milenar, conhecendo todas aquelas antiguidades e suas belezas.Parece-me que pouco foge ao teu olhar, tão fiel. Retratas com uma riqueza de detalhes tudo o que faz parte daquela encantadora cidade, atendo-se principalmente aos monumentos, sua arquitetura, seus costumes, sua economia.
Obrigada, Janice. Realmente é isso que gosto de fazer quando escrevo sobre alguma viagem, que as pessoas conheçam os lugares através dos meus olhos. Se passares mais alguns textos atrás aqui no blog encontrarás um relato de viagem chamado " Portalegre, Almuñecar e Torremolinos , surpresas de uma viagem à Andaluzia"(março 2017).
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