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Papo de Mãe



A origem da comemoração do Dia da Mães remonta a Grécia e Roma Antigas quando conferiam homenagens a suas deusas e as distinguiam com o caráter de divindade às mulheres; o Cristianismo fez o mesmo além de outorgar dons divinos, acrescenta ainda às mães as virtudes da pureza e da castidade atribuídas à  Virgem Maria.  Na vida moderna a data  só interessa mesmo ao comércio pela publicidade e venda dos seus produtos como presentes. 

O conservadorismo também se apropria da data para idealizar a maternidade, enquanto segue discriminando e submetendo as mulheres ao machismo e à desigualdade de gênero. A rainha do lar e aquela que padece no paraíso são somente personagens da farsa judaico-cristã. Antes e depois de todo segundo domingo de maio somos todas pessoas comuns com  qualidades e  defeitos de qualquer ser humano. 

Portanto hoje, segundo domingo de maio de 2019, que seja um dia de menos presentes, menos florzinhas, mais conversa, mais convívio, mais risadas, mais escuta e mais respeito mútuo. Mães verdadeiras não só ensinam, não só controlam, não só ditam regras, não só vestem, não só alimentam, mas também podem aprender. Vamos tentar aprender algo com nossos filhos. Vamos tentar encontrá-los naquele lugar que não gostamos que eles estejam. E esse lugar pode ser um local físico ou um estado psicológico. Vamos tentar entender as suas circunstâncias. Vamos entender os conflitos próprios de cada idade. Vamos tentar resgatar a confiança que pode ter se perdido com o tempo. Tentemos não reproduzir comportamentos e falas que propiciaram afastamentos com nossas próprias mães. 

A despeito do amor incondicional, vamos tentar não fazer da maternidade uma muleta, uma entrega total para esquecermos de nós mesmas e cobrar dos filhos atitudes futuras. Responsabilidades com os progenitores se assumem pelo afeto e não pelo compromisso.
Seres humanos não são regidos por manuais de instruções por mais que queiramos que se enquadrem em algum modelo. Nunca seremos perfeitas e nunca teremos filhos perfeitos, por mais que possamos parecer nas fotos de família na rede social. 

Quando somos filhos, tecnicamente deveríamos ver na mãe uma pessoa madura, segura e sensata. Em realidade nem sempre funciona assim. O trato com filhos adolescentes é ainda mais laborioso porque exige uma aproximação com mais sensatez, menos insegurança e mais abertura para que a convivência seja melhor para os dois lados. Explicar a eles nossas debilidades não nos torna pessoas incapazes ou perdedoras. Portanto, não precisamos ser deusas maravilhosas, sendo humanas já está de bom tamanho.

Aos nossos filhos temos a tendência de pedir perdão por um dia pensar que tínhamos o poder de lhes entregar um mundo melhor. Não somos super poderosas, somos seres humanos.  A felicidade está em perceber que QUANDO e SE esse mundo chegar,  nossos  filhos  virão para nos contar o gosto que os frutos têm e farão a festa por nós.

E eu JÁ sou feliz só por saber disso. À minha mãe, já venho contando o gosto de tudo que tenho provado e ela sabe que sou feliz. Feliz Dia para nós com 🌷, para não dizerem que não gosto de flores.






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