O mundo vive uma calamidade, a pandemia da Covid-19 provocada por um coronavírus que infectou um ser humano pela primeira vez em dezembro de 2019 na província de Wuhan na China. Existem algumas hipóteses que o comércio de animais silvestres vivos e mortos nesse país esteja relacionado com a infecção pelo microrganismo em um ser humano, mas não há nada conclusivo ainda.
Desde o primeiro contágio já foram contaminadas quase um milhão e meio de pessoas e quase cem mil já morreram no mundo inteiro. É a primeira grande pandemia do século XXI de um vírus relativamente desconhecido e ainda não houve tempo hábil para que os cientistas desenvolvessem uma vacina para prevenir a doença, como temos para a grande maioria das doenças infecciosas, nem um tratamento eficaz que evite a morte de todas pessoas contaminadas, embora a letalidade da doença não seja alta e centenas de pessoas já se recuperaram.
A Espanha é o segundo país mais afetado no mundo com a cifra de 150 mil casos no momento e o governo sob a orientação da Organização Mundial da Saúde e seus técnicos, decretou “Estado de Alarma” desde o dia 15 de março impondo o isolamento social horizontal. O decreto colocou toda a população em confinamento como forma de evitar a propagação do vírus, proteger as pessoas mais vulneráveis, os idosos e portadores de doenças crônicas, assim evitando o colapso da Unidades de Terapia Intensiva para onde vão os casos mais graves, porque a doença afeta o sistema respiratório. O decreto do governo espanhol é audacioso e corajoso. É um verdadeiro “lockdown”, termo em inglês que significa que as pessoas não têm autorização para sair de suas casas ou de um determinado espaço por causa de uma situação de emergência.
As autoridades sanitárias do país passam boletins diários pela televisão para manter a população informada e todos os ministérios estão envolvidos nesse esforço, articulados e coordenados para promover a solução dos problemas gerados pelo isolamento e gerir a epidemia propriamente dita.
A Espanha, com um dos melhores sistema públicos de saúde da Europa, relutou no começo da epidemia, como fez a Itália, em determinar o isolamento social temendo o impacto na economia. Mas de maneira firme, corajosa, com inteligência e norteada pela ciência vem manejando a crise e logo poderá ver o sucesso das medidas se tornarem uma realidade, quando diminuir a curva de contágios e a epidemia finalmente estiver controlada.
O medicamento hidroxicloroquina jamais foi citado pelas comunidades científicas da Espanha, da China, da França ou da Itália como uma terapia que tivesse apresentado resultados absolutamente favoráveis em algum paciente em seus territórios. Se houve experimentos ou não, eles têm a responsabilidade e a ética de manter em sigilo seu uso. Se acaso o uso do medicamento tivesse tido sucesso, eles teriam a mesma ética e responsabilidade de informar à comunidade científica internacional.
O Brasil, nesse momento passa pela fase em que se encontrava a Espanha em fevereiro, quando os casos ainda não tinham explodido em progressão geométrica e a população não tinha consciência do que viria, embora já com medidas de confinamento em andamento.
Agora, infelizmente, está seguindo um rumo perigoso. Embora muitos Estados e cidades decretaram estados de emergência, os meios de comunicação estejam orientando relativamente bem as pessoas para permanecer em casa e cumprir as normas de prevenção, muitas pessoas não estão conscientes da gravidade do problema. Pelos estudos de especialistas, a explosão de casos no Brasil virá nos meses de maio e junho e atingirá em cheio as camadas mais pobres da população pela precariedade de moradia, das condições alimentares e de saúde.
Para piorar a situação, o Brasil tem um governo central incoerente, inepto, desarticulado, desarmônico, alheio à realidade, não respeita as necessidades do povo, desdenha das leis de proteção social, ocupa-se de questões eleitorais e ideológicas e não tem um plano de medidas sistemáticas e fundamentadas para enfrentar essa grave crise da humanidade.
Para piorar ainda mais o drama brasileiro, está um paquiderme dentro da sala da presidência da República que toda vez que se move quebra uma regra constitucional e desonra a Nação com pronunciamentos vexaminosos. Além de apresentar sérios problemas cognitivos e de sanidade mental, o paquiderme está sob a orientação de pessoas de caráter duvidoso e de zero conhecimento científico. Esses baseiam-se em estudos não conclusivos, mentiras e pseudoteorias desenvolvidas por fanáticos que frequentam os nichos mais obscuros da internet. Além disso, o paquiderme esforça-se em críticas e maledicências contra quem está tentando tomar atitudes corretas.
Nessa direção equivocada, o monstro do Planalto invade competências alheias, contraria as instituições públicas e humilha profissionais de saúde, recomendando o uso de um medicamento que não tem comprovação científica nem para curar nem para prevenir a Covid-19. Essa é uma atitude totalmente irresponsável que pode prejudicar pessoas com outras enfermidades que necessitam do medicamento e que fazem seu uso correto. Os preços podem aumentar pelo aumento da demanda incentivada pela propaganda enganosa ou provocar uma desenfreada procura no mercado negro. Isso tudo é muito perigoso para o conjunto da população e com consequências que podem ser hoje inimagináveis e imensuráveis.
Sendo testemunha do que está acontecendo na Espanha e diante desse caos que avisto no panorama brasileiro, peço encarecidamente aos sensatos, prudentes e equilibrados que se ajudem para melhorar e fortalecer o isolamento social. Mantenham sob proteção e vigilância os idosos e as crianças. Quem pode, permaneça em casa e só saia para as compras essenciais protegendo-se com luvas e/ou máscaras. Tentem passar essa fase de um jeito mais criativo e otimista possível. Não é fácil e para alguns será muito difícil, mas vale a pena, vale a vida.
Sem mais, peço desculpas aos elefantes.
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