Sempre soube que as situações e circunstâncias da vida são incertas e impermanentes. E saber disso, de certa maneira me dava relativo controle sobre o incontrolável. Só que essa incerteza e impermanência era percebida para uma escala de tempo de maior grandeza, não dias e meses e sim anos, talvez décadas. Até aqui pouquíssimas coisas aconteceram de forma abrupta. O que vivo hoje é um momento de pausa e de espera agravado pela pandemia que todos, assim como eu, estão tentando escapar fazendo as manobras higiênicas para esquivar-se e sair vivo.
Nunca fui saudosista ou enaltecedora do passado. Sempre vivi na expectativa de um futuro que custava a chegar, característica dos ansiosos ou dos inquietos ou dos inconformados ou dos insatisfeitos com a impressão do presente sempre incompleto. Até que um dia o futuro chega e descubro que suas peculiaridades e atributos são exatamente esses, a pausa, a espera, a trégua, o recesso, a interrupção, um lapso no tempo.
Agora, nesse exercício forçado de travar a ansiedade— nem sempre negativa—sinto que deveria ter corrido com mais velocidade em busca do imaginado. Teria chegado antes e antes perceberia que aquele futuro era justamente o que buscava desde sempre, uma vida completa.
Hoje o que consola é que da mesma forma que as alegrias são fugazes, os reveses também. A vida se vive em ondas. Não tenho claro se tudo isso obedece uma ordem natural e energética de planos que nossa própria mente comanda. Todos querem estar saudáveis, ninguém tenciona adoecer. Dizem que se um organismo foi capaz de desenvolver uma doença, por que ele não seria capaz de desenvolver sua própria cura? Acaso a desordem tem mais poder que a ordem? O caos é maior que o arranjo?
E agora resta o tempo, vilão ou herói, ele dará as respostas. Enquanto isso, me agarro com a esperança. 🌷
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