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Até a próxima, se o universo permitir


Dizem os experts físicos que o tempo é a quarta dimensão  do universo que conhecemos. Mas somente do que ainda é conhecido pela inteligência humana.  Quando se fala em inteligência e racionalidade sabemos que existem seres inferiores ao homem, os chamados seres irracionais. Então por que não existiriam seres superiores neste nosso vasto mundo de possibilidades? O homem é demasiado arrogante para pensar o contrário.

Muitos livros de ficção como os de Blake Crouch e Diana Gabaldon contam histórias de viagens no tempo, os dois distinguindo-se pelo espaço de tempo viajado. O primeiro trata de passagens de poucos anos, meses, e até dias; no segundo os personagens percorrem dois séculos para frente e para trás. Essas leituras sugestionam e mais ainda, instigam a assimilar e entender que não existe passagem de tempo de uma maneira linear como estamos condicionados e como o autores bem sugerem em seus textos.

"Na física clássica e na percepção intuitiva humana, o tempo é visto como um parâmetro à parte das dimensões espaciais. Na teoria da relatividade, desenvolvida sobretudo pelos trabalhos de Henri Poincaré e Albert Einstein, o tempo é visto como uma das dimensões do espaço quadridimensional chamado de espaço-tempo". ( Wikipédia)

Mas o que seria a passagem de tempo não linear? Ou melhor dito, como imaginar que o tempo não passa, e sim que ele é estanque. Não existe passado, presente, tampouco futuro. Segundos, minutos, horas, dias, meses, anos e séculos são somente convenções. Tudo está acontecendo  neste momento em linhas de tempo paralelas. Num futuro(?) distante talvez seremos capazes de dar uma olhadinha em nós mesmos quando crianças, na maturidade ou mesmo na hora da morte?

E se o tempo não transcorre da maneira que imaginamos, será mesmo que a morte existe? Quando somos tocados pelo desaparecimento de seres queridos, um turbilhão de dúvidas acercam-se de nosso espírito tentando entender para onde foram seus saberes, suas experiências, suas vivências. É um enigma de difícil aceitação que a vida se resuma somente na matéria com três dimensões e que a morte seja apenas um corpo inerte que vai desaparecer. A despeito de que o luto inevitavelmente um dia acabe nos tocando, os mortos permanecem vivíssimos na nossa memória. Na pior das hipóteses morreremos todos então, quando não houver mais ninguém para lembrar de ninguém?

Voltando à questão do tempo, quando vemos uma estrela brilhando no céu estamos olhando para um passado muito distante, pois essa mesma estrela demorou anos-luz*—unidade de distância usada na astronomia— para chegar até nossos olhos. Bem, a pergunta que não cala é se existe a morte ou se a vida é um conjunto de acontecimentos entrelaçados que podem ser mudados, extintos ou mantidos quando tivermos uma consciência superior, percepções mais avançadas da vida e do mundo a nossa volta. Será preciso a morte para que se revelem esses mistérios? Será essa a razão da morte? A revelação?

Oxalá seres superiores ou grandes mentores da humanidade recebam em seus mundos—se existem— nossos entes queridos ou nos visitem por aqui de vez em quando e nos ensinem o que desconhecemos. Senão estaremos eternamente significando a vida como sendo a morte o fim de tudo e seu único e derradeiro desfecho.

* 1 ano-luz equivale a cerca de 9 trilhões de quilômetros



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