Foto: Arquivo Pessoal |
João/Joana, um dos nomes mais populares do mundo. Vem do hebraico, é derivado de Yohanan na versão masculina e foi o mais famoso apóstolo de Cristo: João, Juan, Xoán, John, Jean, Giovanni. No feminino Joana, Juana, Jeanne, Giovana e a versão em grego Ioanna. Acredito que todas as Joanas de minha família são um tributo à primeira Joana, minha trisavó, nascida pelos idos de 1867. Joana, a pequena patinadora da foto, nasceu em 2015 e não é a mais jovem Joana da família. Tenho conhecimento de uma outra que nasceu há pouco mais de um ano lá nas lonjuras da Nova Zelândia.
Nossa Joana, patinadora, capoeirista— e tantas coisas que ela ainda vai querer ser— trás nos genes a mais linda diversidade humana. Seu chão de nascimento é o Rio Grande do Sul, é uma gaúcha, como a maioria da sua família, mas seus ascendentes remontam de inúmeros lugares e povos ao redor do mundo: Argentina (Corrientes), Norte da Itália, Alemanha (região da Pomerania), Portugal (Arquipélago dos Açores, Ilha da Madeira), Países Baixos (Maastricht), Bélgica, de pessoas arrebatadas das costas da África—infelizmente não conhecemos sua etnia— e logicamente de genes autóctones indígenas da América do Sul.
Desde o nascimento da Trisa Joana e da pequena patinadora já se vão 148 anos. Quanto passado, quanta vida, quantas transformações! Foram milhares de deslocamentos de seres humanos pelo mundo em busca de sobrevivência, fugindo de guerras, da fome ou simplesmente arrancados de sua terra para servir a outros seres humanos. Muita história entrelaça a vida dessa menina e sua pentavó(?) há 7 gerações.
A Joana do século XXI gosta da música Sonho de Ícaro (Byafra, 1984). A internet tem suas maravilhas. Embora na lenda grega, Ícaro não tenha sido muito feliz no seu intento, porque suas asas feitas de cera derreteram ao chegar perto do sol, ele tinha esse sonho audaz do poema, o sonho da liberdade e da livre escolha.
Idealizo a Joana-menina como representante desse hino, é um Ícaro que dessa vez os deuses mandaram carregada de esperanças. Suas asas não são mais ilusórias, não vão derreter. Elas passaram a existir nas mulheres ao longo das décadas passadas. Já haviam apontado pequeninas em sua avó, um pouco maiores em sua mãe. Foram surgindo como pequenos brotos, geração a geração e vão se agigantar cada vez mais e um dia sim, talvez poder encontrar o Sol, o alto coração, ideal do mito grego, um lugar mais que perfeito para viver com gente mais que perfeita para conviver.
Se tudo isso nunca existir, se somos fadados a eternos Ícaros que despencam das alturas, ao menos é o que eu desejo para ela. Voa, Joana! Ousa como Amelia Earhart, a primeira mulher a voar sozinha sobre o Oceano Atlântico. Leva tua inteligência e sensibilidade atávicas, vindas da nossa grande avó e de todas as outras, de todos os ramos, a transformar essa Terra. Já és a representação de um mundo aperfeiçoado e podes dar tua contribuição para alcançar um mundo mais-que-perfeito. Sim, mesmo que as desgraças humanas estejam longe de acabar, e alguns ainda ousem cortar as asas de outros pela competição, pela cobiça, pelo poder ou pelo simples desejo de possuir pessoas. Certamente és um orgulho para essa multidão de avôs e avós que vieram antes de nós!
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