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As estações

Foto: Arquivo Pessoal

Há tempos sinto certo fascínio misturado com melancolia pelo vai e vem das estações do ano.  Em que estação foi a aurora do mundo há milhares de anos? Era frio, quente, havia sol, chovia ou nevava?  Virou esse ciclo infinito de primaveras, verões, outonos e invernos. Não importa qual será a próxima. Nossas preferências individuais não tem nenhum valor para a natureza. A Terra vai continuar a girar em translação e rotação, seu eixo de inclinação vai seguir seu movimento, ou até que uma catástrofe prevista ou não pelos cientistas venha a destruir nosso velho planeta. 

É evidente que a natureza segue seu curso, estação após estação, mesmo que no último século, a ação humana esteja fortemente ligada aos eventos climáticos que têm ocorrido ao redor do mundo. Assim como o homem, a natureza reage. Porém, o homem tem perdido a batalha. É a lei de ação e reação e os ecossistemas vêm resistindo bravamente. 

A questão ambiental é importante, mas quero enfatizar minha demanda subjetiva, minha atração sobre esse loop, essa repetição infinita das estações.  Os quatro elementos  são conhecidos desde a antiguidade pelos sábios povos babilônios que já percebiam as mudanças pela posição do sol. Já Pitágoras no século VI AC. associava as quatro estações às fases da vida humana: infância, juventude, maturidade e velhice. Será por isso que se diz que fulano está completando tantas primaveras? Claro, seria de mau agouro dizer quantos invernos completamos a cada ano. Ainda mais para alguém como eu, no outono da vida, segundo o filósofo. Nesses momentos eu relembro uma canção interpretada por Elis Regina, composta por S. Natureza e Tunai,1979. Ela faz analogia das estações com o amor/desamor poetizando esse vaivém incessante dos sentimentos. Eis a última estrofe:

"As aparências enganam

Aos que gelam e aos que inflamam

Porque o fogo e o gelo se irmanam

No outono das paixões

Os corações cortam lenha

E depois se preparam pra outro inverno

Mas o verão que os unira

Ainda vive e transpira ali

Nos corpos juntos na lareira

Na reticente primavera

No insistente perfume

De alguma coisa chamada AMOR".

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