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Foto: Canva |
Às 4 horas da manhã o sono resolveu acordar. Escuto o ruído do silêncio, como um zumbido no ouvido. Logo vem a lembrança do desalento da noite anterior. Os sentimentos de abandono e solidão, velhos conhecidos, chegam insistentes.
Às 4:05 escuto um carro passar, o motorista certamente sonolento, vai trabalhar para um serviço essencial e se pudesse escolher estaria dormindo um invejável sono profundo.
Faz frio às 4:15 e imagino alguém também com insônia, pois provavelmente acende uma luz na cozinha ou por obrigação de ter que sair num horário que jamais escolheria de boa vontade.
Às 4:20 um cachorro late, um rápido alarme soa na garagem do prédio e uma motocicleta passa voando pela rua vazia.
Às 4:25 escuto o aumento do trânsito. Fico pensando no frio que as pessoas estão sentindo na direção dos veículos, ou encolhidos nos assentos dos coletivos, indo fabricar coisas, abrir portões, carregar caminhões, fazer pães, trocar de plantão no hospital, vigiar patrimônios ou tratar a água para abastecer a cidade.
Sem contar os muitos que passam caminhando pela calçada, mochila nas costas, friorentos, passos silenciosos, dando graças que não são os que dormem rente às calçadas com seus parcos cobertores que ganharam na última doação de inverno.
A insônia é perturbadora, na maioria das vezes, obsessiva. Eu passo um tempo dividida entre pensamentos irracionais e/ou fatalistas e no campo do etéreo, andando nas nuvens com a intenção de burlar realidades ou de fabricar tragédias.
Agora já são 5:30, não preciso mais levantar junto com os trabalhadores, então aproveito essa sorte e fico na cama quente e escrevo divagações. Porém, logo vou precisar de um café, mas vou esperar chegar às 7, pois me parece uma hora mais razoável, quando o sol já está nascendo e os pássaros começam a cantar.
São 7:01 e agora sim, já é outro dia. Bom dia!
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